Um post com os resultados de eu andar pensando demais na vida.
Trinta é a idade do sucessoVou fazer trinta anos em dezembro, mas e o sucesso? Aos trinta os meus pais já eram casados, tinham uma casa própria e eram pais de uma bebê (eu). Ver fotos de conhecidas minhas que já são casadas, tem casa própria (ou estão a caminho de ter uma) e são mães me deprime. Casar e ter filhos não me interessa, mas para mim estas duas coisas meio que simbolizam certo avanço na vida, o que me faz sentir estagnada. Não sei dirigir, não tenho diploma universitário, não sou feliz no meu emprego, não moro sozinha, não quero casar, não quero ter filhos e o pior de tudo: não consigo nem imaginar como seria uma Vanessa realizada.
Não existe trabalho ruim, o ruim é ter que trabalharSou extremamente grata por ter o meu emprego, e ele até que tem as suas vantagens, mas me deixar feliz com certeza não é uma delas. Numa das minhas sessões de terapia eu disse para a minha psicóloga que eu não poderia largar o meu emprego, e ela olhou para mim com aquela cara de quem sabe das coisas e me perguntou: não poderia mesmo? Se na época eu tivesse assisto ao clipe da música Partilhar, do Rubel, eu teria mostrado para ela a parte em que aparece este diálogo:
- Eu sinto falta daquela sensação de que tudo ainda era possível. A gente não sabia direito quem era nem quem iria ser. Se eu quisesse ser encanador, eu podia ser um encanador.
- Você ainda pode ser um encanador, se quiser.
- Posso não. Eu acho que a cada anos que passa a vida vai afunilando um pouco mais. Hoje em dia eu sou um cara casado com carteira assinada. Eu posso largar tudo e fazer qualquer coisa? Posso. Mas não posso.E a questão de ser concursado é que ninguém larga um concurso a menos que seja para assumir outro concurso, e não sei se quero continuar fazendo serviço burocrático só que num endereço diferente. Não tenho formação nenhuma, então vou fazer o que se largar o emprego agora no meio desta crise? Provavelmente chorar em posição fetal.
A culpa é minha mesmoLi um post da
Mari em que ela falava sobre as coisas que faziam mal para ela, mas que ela continuava fazendo mesmo assim, e fiquei pensando. Todo mundo tem disso, né? Uma das coisas que faço é stalkear conhecidos da minha idade e ficar comparando as nossas vidas, o que sempre acaba comigo. Como fast food só de vez em quando, mas sempre que como me sinto mal e insatisfeita depois. Fazer compras pela manhã na pressa antes de ir trabalhar sempre termina comigo arrependida, mas continuo fazendo. Tenho certeza que consigo pensar em mais coisas se tiver tempo.
Can't wait to be dead"Quando se envelhece, o melhor é despir-se das posses, despojar-se como uma árvore, ser quase apenas terra antes de morrer."
- Sylvia Townsend Warner (Lolly Willowes)Não quero assustar ninguém, mas penso muito na minha morte. Vocês sabiam que na Suécia existe uma prática de limpeza da morte? Nela você vai se desfazendo dos seus bens materiais aos poucos antes de morrer, para facilitar o trabalho de quem fica. Sempre pensei muito nas coisas que vou deixar para trás quando morrer, e saber que na Suécia eles também pensam me fez sentir menos mórbida kkkk
Se não agora, quando? |
A cena de HP 6 que mostra a mesa do Dumbledore depois que ele morreu, com cartas não lidas, um livro inacabado, uma caneca de chá tomada pela metade e docinhos ainda esperando para serem comidos me vem muito à cabeça quando penso na morte |
Tenho o costume de adiar a leitura de livros que parecem interessantes para os dias bons. Faz sentido? Aí nos dias ruins leio aqueles que não parecem tão promissores. Enfim. Só sei que comecei a pensar: e se os dias bons não chegarem? E se ler um dos meus livros interessantes num dia ruim transformasse ele num dia bom? Quantas outras coisas tenho adiado para um dia incerto? Talvez todos estes meus questionamentos sejam apenas um adendo ao tópico anterior.